Terça-feira de carnaval. Saio de casa para conversar com os amigos. Volto por volta de 9 da noite. Minha rua já bloqueada por uma bendito bloco. Ainda sem som, mas com muita gente e muita bagunça. Tento atravessar a avenida para entrar na minha garagem. Alguns bêbabos fanfarrões decidem que eu tenho que entrar no clima e joga uma espuma de barba no capô do meu carro. Olha para mim, apontando a embalagem de espuma, como quem diz: "Vou jogar em você e seu carnaval passará a ser magicamente maneiríssimo". Não digo nada, apenas olho de volta com ar de "jogue em mim e o seu carnaval passará a ser, magicamente, o pior da sua vida".
Ele se intimida. Recolhe a arma e sai de fininho.
Subo no elevador e já começo a ouvir as batucadas. Abro a porta de casa e econtrou duas cachorras aterrorizadas, encolhidas no canto do apartamento. Se escondem por trás das nossas pernas.
Quando vou até a janela, o barulho já é tal que não consigo ouvir nem meu marido me chamando do outro cômodo. Olho para baixo e dou de cara com uma bateria de escola de samba completa, rodeada por milhares de pessoas, a maioria nitidamente bêbada. Alguns simplesmente seguem o bloco contentes e cantando aos uivos. Outros, jogam latas de cerveja nos carros que estão estacionados nas laterais da avenida. Alguns, passam a mão em todas as bundas que vêem pela frente. Mas o que mais incomoda é o barulho. O infernal batuque dos bumbos, acompanhados pelos altos brados do puxador no alto do carro de som.
Ligo para meu irmão, mas percebo que é inútil, ele não consegue ouvir nada do que eu digo, afinal, tenho uma bateria completa e um carro de som praticamente dentro da minha sala.
O bloco avança por mais 2 quadras num período de 2 horas. O som continua infernal dentro de casa. Já são pouco mais de 10 da noite. Eu estou com dor de cabeça, não aguento mais samba, não quero mais carnaval (aliás, nunca o quis muito!), tenho que trabalhar no dia seguinte, as o samba continua até quase 11 horas, quando finalmente, com uma hora de atraso, a lei do silêncio se faz cumprir, e as pessoas decidem que já é chegada a hora de fingir-se civil e deixar a vizinhança descansar.
E por isso eu não gosto do carnaval - parte II!
2 comments:
Mari, confesso que nunca tinha parado para ler o seu blog. Já tinha visto, mas nunca lido. Quando você falou do scrap para a Julia, vim até aqui ver e ele não estava. Mas estava o seu texto sobre o seu aniversário. Que privilégio meu poder ter lido esse texto. Gosto muito do seu jeito de escrever. Quer dizer, gosto muito quando você está crítica ou de bem com a vida. O texto dos 35 anos e o do nosso descaso com a vida são primorosos. Quando você está ranheta eu já não gosto, como no caso desse do carnaval (por mais que eu concorde em muita coisa com você). Você é uma cronista e quando faz isso, faz muito bem.
Quanto ao scrap da Julia está lindo. Na verdade é da Fernanda e está lindo do mesmo jeito. E saiba que aquele que você fez para mim no meu aniversário tem sido meu companheiro diário na saudade minuto-a-minuto da minha filha.
Um grande beijo, Marcio
Ai Jesuis!!! Meu carnaval foi um caos tb minha filha! Junte-se aos bons...fui pra praia achando que ia ter sossego, mas só na primeira noite descobri que o apto que alugamos numa ilha (!), Ilha Porchat, fica nada mais nada menos DO LADO DE UMA BOATE GLS...teve rave todas as noites do carnaval, música eletrônica dentro do quarto!!! Afff!!! De 5 da tarde á 7 da manhã!!! Jesuisss!!!!
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