Monday, October 11, 2010

O aborto

O assunto está em voga... não importa o motivo pelo qual ele está, o fato é que está e é um assunto que vale ser discutido! Mas, eu teria tanto a falar sobre isso que um espaço de um blog torna-se pequeno.
A verdade é que eu não faria um aborto. Não tenho isso dentro de mim. Sempre cuidei para não engravidar fora de hora, para nunca ter que tomar uma decisão assim. Sou contra o aborto, para mim. Eu já perdi filhos no meu útero e não gostaria de ter que senti o que eu senti por opção minha. Não é uma questão de religião porque sou, de fato, atéia (e quem me conhece sabe que não confundo ateismo com ser agnóstico, sou atéia mesmo)!
Mas, ao mesmo tempo, acho que é direito de cada um poder escolher o que acha sobre o assunto. Não acho que alguém que acabe com uma gravidez indesejada seja assassino, nem cruel, nem qualquer um dos adjetivos que são tão frequentemente associados à mulheres que abortam. Acho que uma mulher que não quer um filho deve mesmo assumir isso e acabar a gravidez. E, acho que quem escolhe tirar um filho deve poder fazer isso com segurança.
Além disso, acho que, mesmo sendo ilegal, mulheres não deixarão de fazer o aborto quando o desejarem. As que tiverem condições, irão a um médico chique, pagarão seus honorários, se internarão em um hospital através de um seguro particular, e terão o aborto. Ao final do procedimento, sairão de lá com um laudo alegando uma necessidade médica qualquer para o procedimento e ainda poderão pedir reembolso pelo dinheiro que gastaram.
As menos abastadas acabarão em clínicas oportunistas, com médicos inescrupulosos, e passarão pelo procedimento de forma inadequada. Farão o aborto e, ao final, com sorte, irão para casa vivas. Muitas acabarão numa emergência com uma hemorragia grave e terão que ser internadas em uma UTI. E não são poucas que acabam assim, são MUITAS. Os hospitais, já cheios e insuficientes, acabam com leitos ocupados por períodos prolongados, por pacientes que, dada a oportunidade de um aborto legal, não estariam ali!
Ao final essa mulheres saem destruídas. Muitas nunca mais poderão engravidar, outras terão lesões bem mais sérias! Tudo por um falso moralismo que já é, faz tempo, ultrapassado!
Não acho que uma mulher deva poder, sem conseqüência alguma, optar por um aborto na rede pública. Deve haver um forte programa educacional sobre o assunto. A mulher que se submeter ao aborto, ficará obrigada a passar por esse programa para que não precise mais passar por um aborto, e aprenda a evitar uma gravidez indesejada.
Enfim... acho que a escolha é pessoal e não cabe a ninguém decidir por uma outra pessoa. Ao Estado cabe apenas a matemática, sem julgamento: sai bem mais caro aos cofres públicos socorrer milhares de mulheres que passam por carniceiros do que arcar com os custos de um aborto!
Finalmente, prefiro que uma mulher acabe com uma gravidez indesejada antes da 12a semana, do que saber que diariamente mulheres abandonam seus bebês em caixas de papelão, pelo meio da rua e, por vezes, em sacos plásticos no meio da lagoa da pampulha. Prefiro também que uma mulher acabe uma gravidez indesejada do que uma mulher que dá a luz a um bebê que nunca desejou e acabe descarregando nele toda a frustração de tê-lo tido à revelia, usando-o como saco de pancadas, como foco de agressões verbais, ou, simplesmente, tratando essa criança sem o amor que uma criança merece!
Pela liberdade da escolha com segurança, sempre!

2 comments:

Dani Pasca said...

Concordo.Simples assim.

Carolina Alves said...

Mari, nunca comentei aqui, embora sempre passe por aqui (sempre mesmo)! heheh

Agora me senti à vontade de comentar...
Concordo com você. Acho que o tema deve ser discutido com mais profundidade e as pessoas têm todo o direito de ser contra ou a favor. As decisões políticas, porém, ao meu ver, não devem ser confundidas com as questões religiosas. O estado é laico. E é asim que ele deve ser...

É claro que o aborto é um agressão, uma brutalidade. Mas a mulher que aborta não deve ser considerada criminosa. Pense uma condição dessas, num país em que muitas pessas sofrem com privação do básico do básico. É muito fácil criticar essas mulheres e condená-las sem nem imaginar as condições que elas vivem, o que elas pensam, e como elas conhecem (ou desconhecem) seu corpo...o fato é que o assunto é muito mais profundo do que a religião insiste em discutir.

vou ficando por aqui...abraços!