O sábado não prometia muito... só mais um final de semana. Mas, como é de costume com os filhos, tudo que é para ser lugar comum se transforma em uma série de momentos inesquecíveis do nada!
De manhã fomos a uma feira literária do Colégio Padre Antônio Vieira. Já tínhamos ido no ano passado e eu sabia que ela ia se divertir pintando, brincando com argila e lendo livrinhos. E lá estava ela criando verdadeiras obras de arte quando, num microfone ao fundo, que eu mal ouvia, alguem anunciou alguma coisa que eu não consegui ouvir. Alice largou tudo, pincel, papel e tinta, e saiu correndo em direção ao microfone. Perguntei a ela o que estava acontecendo e ela, correndo, anunciou:
"Vai tê históia, o moço chamou!" e se embrenhou no meio das pessoas até chegar na frente do microfone, onde sentou-se em posição "historinha". E então o professor anunciou que alunas iriam ler os poemas que tinham escrito para o concurso de poesia dos alunos da 9a série. Em sucessão, três alunas declamaram seus poemas sobre o amor pré-adolescente. Alice, curiosamente, aplaudia ao final de cada um e ainda olhava para mim com cara de felicidade plena. Foi então que o professor anunciou que daria um livro para cada uma das 10 primeiras crianças que fossem ao microfone declamar uma poesia. Imediatamente após ele anunciar isso, Alice saltou de pé e gritou: "EU EU EU!"
O professor, rindo, a chamou ao microfone e, depois de perguntar o nome e idade da pequena, deu a ela o microfone para que ela declamasse sua poesia. Com microfone em punho, com a autoridade de uma desinibida de 2 anos e 8 meses, Alice desatou a declamar, com direito a gestos, o poeminha da "Batatinha quando nasce", de cabo a rabo (tá... são só 4 linhas, mas ela só tem 2 anos e 8 meses, né???). Ao final, depois de curtir os aplausos e receber seu livro, voltou ao seu lugar, anunciando, gloriosa, que tinha falado uma "poesima" e segurando seu tão desejado prêmio: um livrinho!
Nem preciso dizer que eu chorei potes. né? Mas, a minha surpresa é que não fui a única a ficar com os olhos aguados... olhei ao meu redor e muitos outros pais estavam visivelmente emocionados com a bravura daquela nanica!
Fomos então para casa nos arrumar para ir ao Fashion Weekend Kids, no Copacabana Palace. Achei que Alice chegaria ali e se fartaria daquele negócio de desfile em dois tempos. Mas, a surpresa veio quando ela viu a passarela e anunciou: "Quéio Disfilá!"
Expliquei a ela que outras crianças é que iam desfilar, não ela, porque era a vez das outras crianças. "Mas eu quéio andá pá cá i andá paia lá i fazê a pose do cavalo cansado! Só um poquinho!" (pose do cavalo cansado = aquela paradinha que as manequins fazem no final da passarela quando ficam com um pé viradinho e apoiadinho só na ponta, sabe?).
Expliquei novamente que num desfile de moda, nós assistíamos ao desfile e não desfilamos. Ela fugiu duas vezes rumo ao palco (e, rápida e miúda, conseguiu chegar lá sempre antes de mim!) e foi barrada pelo leão de chácara do desfile que a devolveu, com um sorriso meio de ladinho...
Depois da segunda tentativa frustrada, ela me olhou, com os olhos alagados, beicinho caído e falou com uma voz tristonha: "Mas, mamãe, eu só quiio disfilá um poquinho!"
Fiquei com tanta pena que resolvi tirar ela dali. No salão anexo tinha uma área dos patrocinadores para as crianças brincarem e se divertirem. Ali encontrei nosso alento.
No stand da TIM ela teve direito a posar num mini estúdio e sua foto foi montada como se ela estivesse na passarela e numa capa de revista. A pose teve direito ao pesinho de cavalo cansado e à mão na cintura por trás, da forma mais fashion que eu já vi!
E, depois disso, ela ainda teve direito a se maquiar inteira, com direito a paquitas mil babando o ovo dela (coisa que, nem preciso dizer, ela AMOU!), pode comer uns 3 kilos de brigadeiro que ela mesma decorou, pode jogar Playstation 3D (vejam bem, jogar é força de expressão, né?). Isso tudo antes de terminar o desfile, portanto, tinha os animadores quase que só para ela! Quando acabou o desfile e o lugar lotou, Alice já estava satisfeita da vida e pudemos ir embora.
Só lamentei mesmo não ter tido a chance de ver aquele DEUS do Henri Castelli desfilando!!! UMPF!
Será que até o casório da Alice eu consigo me aprimorar o suficiente para fazer um vestido de noiva para ela?
Frente de feltro com relevo de montanha! Verso forrado de algodão!
Minha mais recente empreitada é um tapete de contação de histórias... aí estão as peças, agora tenho que comprar o tecido e feltro para fazer a base!
